A Venezuela anunciou nesta quinta (21) que suspenderá o fornecimento de energia por quatro horas diariamente em todo o país, formalizando os blecautes que a população já enfrenta em meio a uma crescente crise energética.
Ao anunciar que o racionamento começará na próxima semana, o ministro de Energia Elétrica, Luis Motta Domínguez, pediu aos venezuelanos que cooperem e mostrem seu patriotismo.
A decisão é mais uma mostra do grave problema elétrico do país, que também enfrenta uma crise política. Nesta quinta, um dia após a Assembleia Nacional ter aprovado uma lei para facilitar a realização de referendo contra o presidente Nicolás Maduro, houve confronto entre opositores e a polícia em frente ao Conselho Nacional Eleitoral.
Segundo Motta, a medida durará 40 dias ou até os níveis de água da Central Hidroelétrica de Guri, que fornece 70% da energia consumida no país, serem estabilizados.
O ministro destacou que o "maior consumo elétrico é o residencial", representando 63% do total, com principal demanda nos Estados de Zulia, Gran Caracas, Carabobo, Aragua, Lara Bolívar, Miranda, Barinas, Monagas e Falcón.
Caracas estava a salvo dos apagões que afetam o interior do país há vários anos, e o único plano de racionamento desenhado para a capital do país, em 2010, foi suspenso após poucos dias.
OUTRAS MEDIDAS
Além dos cortes, a partir de 1º de maio os relógios serão adiantados em meia hora, e o país retornará ao horário que vigorou até 2007, quando o então presidente Hugo Chávez (1954-2013) alterou a hora local em outra medida para economizar energia.
O governo também declarou que, nos próximos dois meses, todas as sextas-feiras serão dias de folga para o setor público. Além disso, reduziu o horário de trabalho em ministérios e empresas públicas durante a semana.
No início deste mês, o presidente Nicolás Maduro ampliou de quatro para nove horas o racionamento de luz para grandes consumidores, como hotéis -que terão de gerar sua própria energia. Por causa da medida, lojas encurtaram seu funcionamento.
Tais medidas afetam a produtividade de um país que já enfrenta aguda recessão, alta inflação e escassez de alimentos e remédios, além de racionamentos de água.
Enquanto o governo culpa "atos de sabotagem da oposição" e o fenômeno climático El Niño pela falta de energia, especialistas apontam os poucos investimentos em infraestrutura para impedir a crise.
REFERENDO
Na quarta (20), a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, aprovou um projeto de lei que pretende facilitar a realização de um referendo revogatório para abreviar a Presidência de Maduro.
O chavista foi eleito em 2013 para um mandato de seis anos, mas a oposição alega que a única maneira de reverter o colapso da economia e o desabastecimento generalizado é tirá-lo do poder por meio de um novo pleito.
A Constituição venezuelana prevê que qualquer ocupante de cargos eleitos pode ser objeto de referendo uma vez concluída a primeira metade do mandato, mas o CNE (Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela), órgão ligado ao governo, havia rejeitado o projeto por falta de documentos.
A nova medida, que ainda precisa passar por sanção presidencial, substitui normas definidas em 2007 pelo CNE.
0 Comentários